Nas últimas semanas, li duas listas intrigantes. Ambas desenvolviam como ser um tipo de mulher: ideal, interessante, perfeita. Enfim, um desses adjetivos.
Talvez seja uma resposta dos homens ao ideal de príncipe encantado. Talvez. O que não compreendo, mas entendo, é a nossa necessidade feminina de adequação. Temos de nos moldar para sermos as mulheres que os homens desejam ter.
Moldar o corpo, o comportamento, as palavras, as ações, a própria vida. “Eu não faço isso”, uma mulher dirá. “Eu não tenho esse ideal”, um homem completará. Não falo de exceções. Falo de um conceito.
Infeliz, angustiado, mentindo para si mesmo, nada disso é um fracasso. Somos todos fracassados, homens e mulheres, se estamos sozinhos. “Ninguém te quis, está vendo?”
Feito produtos na prateleira, parece que alguém nos aponta o dedo e diz: “É você”. Seja pela embalagem, pelo valor agregado, pelo status, pelo sabor, pelo preço. “Eu quero e vou levar.” E a tristeza de sobrar? Em um engenhoso trabalho de marketing, nos transformamos naquilo que o outro quer. E esquecemos quem somos.
Relacionamentos são encontros. Seja para sempre ou por um tempo. Ninguém escolhe ou é escolhido. As pessoas se encontram quando seus rumos coincidem. As pessoas ficam juntas por quereres semelhantes. As pessoas se amam por evento de graça. Ninguém é preterido por ninguém.
O que não aceitamos é que estamos sozinhos porque queremos. Estamos acompanhados porque queremos. Isso sim é uma escolha. E quando nos abrimos para a nossa escolha, seja ela qual for, agimos para que as coisas aconteçam. E acontecem. A grande questão é: O que eu quero?
Há quem jamais descubra. Afinal, ser responsável pela própria vida é trabalhoso demais.
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