Ela não sabia se acreditava ou desacreditava. Uma amiga lhe disse que dava certo. Afinal, qual o problema em dar uma olhadela no futuro?
Lá chegou ela. Uma tenda, a cartomante, uma bola de cristal apenas como adorno, um bolo de cartas ciganas sobre a mesa. Não precisou dizer uma palavra, apenas ouvir e ouvir e ouvir.
A cartomante era simpática e sorridente. Contava histórias entre a leitura de uma carta e outra. Ela começou a suspirar profundamente: como aquela mulher sabia tanto sobre a sua vida? Até o momento das opções.
“Estou vendo dois rapazes.” Ela sabia quem eram eles, mas a cartomante fez um comentário que a confundiu. Deixou passar e continuou a ouvir: “Este aqui”, apontou uma carta, “é o melhor para você. Este outro”, apontou outra carta, “fará você sofrer”. Ela arregalou os olhos. “A escolha é sua, a sua vida está sempre nas suas mãos. Eu só estou mostrando as possibilidades. Um te fará feliz, o outro te fará sofrer.”
Dos dois rapazes, apenas ela se interessou, primeiro por um, depois pelo outro. Nenhum deles havia demonstrado qualquer interesse por ela. Até então. Como um revés do destino, ambos chegaram à sua vida.
Qual escolher? Ela escolheu naquele momento, diante da cartomante. Tinha certeza que era ele que a faria feliz. Anos depois, descobriu.
Ela escolheu errado.
Lembra claramente das palavras da cartomante. Das cartas sobre a mesa. Das possibilidades. Do momento em que ela poderia escolher entre um e outro. Entre o amor e a dor.
Ela escolheu errado. Infelizmente, ela escolheu o cara errado.
E terá de viver com isso pelo resto da vida.
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